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31/07/2015

Rugby – Nuno Rodrigues, atleta do RV Moita em entrevista
“ Marcar 122 pontos numa época não é nada fácil devido à exigência do jogo”

Nuno Rodrigues, 31 anos de idade, professor de educação física natural da Moita, começou por jogar futebol mas por influência do seu pai Valter Rodrigues, antigo atleta internacional e na actualidade vice-presidente da F.P.R, mudou-se para a prática do rugby e desde 2007 que representa o clube da sua terra o Rugby Vila da Moita, clube no qual também desempenha as funções de dirigente. Nuno Rodrigues, a época passada no ano de estreia do seu clube no campeonato da 1.ª divisão nacional, conseguiu um feito extraordinário ao concretizar mais de uma centena de pontos na conversão de pontapés livres. Em entrevista ao DIÁRIO DA REGIÃO, Nuno Rodrigues fala-nos do feito alcançado a nível pessoal e aborda a actualidade do “seu” RV Moita.

Quando começaste a praticar desporto? Ligação ao Rugby?
Desde a minha infância que a minha ligação ao desporto começou, através do futebol enquanto jogador dos diferentes escalões de formação entre escolinhas e juvenis nos clubes do concelho da Moita. Chego mesmo a dizer que representei os três grandes do concelho: o Marítimo Rosarense, o Moitense e o 1º Maio Sarilhense. O Rugby veio muito depois na minha vida. Só pelo meio universitário, quando tinha já vinte anos. O início foi no Clube de Rugby da Universidade da Beira Interior, o qual representei enquanto aluno da Universidade. Só após a conclusão do meu curso é que regressei a casa e pude finalmente fazer parte do projeto do Rugby Vila da Moita. Foram alguns anos sofridos, ver o clube a jogar sem conseguir dar o meu contributo, pois as características únicas do jogo marcam e mudam a nossa personalidade, ainda por cima ver amigos meus de infância a jogar e não os poder ajudar não foi fácil. Igualmente grande parte dos valores do Rugby foram passados pelo meu pai, antigo internacional da modalidade, com o qual aprendi o jogo e forma de estar na vida através do mesmo. Em casa fala-se Rugby de manhã à noite. No entanto, na minha infância e larga parte da juventude, não existiu uma estrutura que permitisse jogar na nossa terra. Habituei-me à ideia que um dia poderia jogar, o que só foi possível no ano de 2007 com a fundação do RVM, após a participação da seleção portuguesa da modalidade no campeonato do mundo.

Em que posição actuas?
Costumo dizer que jogo onde o treinador precisa. No entanto, sempre joguei nos avançados. Nesta época de estreia da equipa na 1ª Divisão fui o talonador, joguei todos os jogos na mesma posição.

Fala-me do desempenho da equipa do RV Moita na época 2014/2015?
Este ano foi uma novidade para todos. Nunca tínhamos jogado numa divisão acima daquela em que estivémos seis épocas. A responsabilidade, o ritmo e a competitividade aumentaram muito. Tivemos que nos adaptar a uma nova exigência, não só em termos de equipa como do próprio clube. A equipa esteve quanto a mim muito bem, ficou-nos no último jogo um sabor muito amargo por não ter-mos conseguido entrar no grupo de acesso aos Play-off em igualdade de pontos com a última equipa a ser apurada, quando estranhamente uma incrível relação de resultados noutros jogos não nos permitiram a nossa classificação para o apuramento do campeão. No entanto vamo-nos manter unidos para que na próxima época consigamos cumprir esse objetivo, não queremos ainda no nono ano de existência do clube subir a um escalão profissional, mas sim, criar estabilidade para que os jovens da nossa formação possam ter acesso a isso a médio prazo. Nos Sevens foi diferente. Os campeonatos organizados pela Federação Portuguesa de Rugby iniciam a época com o campeonato de XV e posteriormente passamos para o campeonato de Sevens. No ano anterior conseguimos um feito inimaginável, sagrámo-nos campeões nacionais da 1º divisão de Sevens, conseguindo assim ascender à divisão de elite. Jogámos contra as equipas de Top do Rugby Português, nunca nos sentimos inferiores, jogámos sempre o jogo pelo jogo e faltou-nos sempre aquela pontinha de sorte nas retas finais. Perdemos quase sempre pela diferença de um ou dois pontos nos torneios das segundas e terceiras etapas. Vimos que a exigência em termos de treino e jogo são diferentes da nossa, mas ganhámos experiência, vimos os erros que não podemos cometer e queremos já neste ano regressar à elite. Temos valor para isso e, sobretudo, capacidade.

Uma época onde ultrapassaste a centena de pontos marcados?
Marcar 122 pontos numa época não é fácil, sobretudo com a exigência em termos de jogo. Um pontapé marcado pode dar a vitória. No entanto, no Rugby, só se chuta de duas formas, ou após a marcação de um ensaio ou quando a nossa equipa ganha uma falta. Costumo dizer que cada ponto que marquei representa todo o sacrifício de uma equipa de Rugby durante o ano. Sem ter a equipa que tenho nunca poderia chegar a este resultado. Todos aqueles que estão dentro do campo sabem muito bem aquilo que estes 122 pontos representam. Apenas chuto, o trabalho pertence a todos nós que semanalmente treinamos quatro vezes por semana. É muito diferente do futebol, no entanto, julgo que o futebol ajudou-me nisso. Não posso dizer que marquei sozinho tanto pontos, foram também os meus irmãos e colegas de equipa que a meu lado jogam, o nosso treinador Fernando Silva, a direção do clube, o diretor de equipa Jorge Rio Maior, o nosso capitão Natalino Barradas, que lidera o grupo, sim, porque no rugby essa responsabilidade pertence ao capitão de equipa e a todos os que ganham centímetro a centímetro, fim de semana após fim de semana, a envergar a camisa do toiro preto e que dignificam o único desporto coletivo do município da Moita a participar nos campeonatos nacionais em todos os escalões.

Futuro do RV Moita?
Na próxima época a palavra-chave é estruturação. A criação de uma estrutura estável que acompanhe os jovens nas diferentes transições entre os escalões e, sobretudo, uma melhoria organizacional do clube. Temos condições de fazer inveja a muitos clubes profissionais: a parceria existente com o Beira-Mar Gaiense para utilização do campo desportivo, e os meios de transporte existentes no clube, podem projetar-nos para outro nível e criar a referência que queremos ser no desenvolvimento do desporto na margem sul do Tejo. Por isso, reconstruímos toda a lógica de funcionamento do clube criando condições para ter “gente nova” nos diferentes escalões de formação do clube, desde os sub-8 até aos seniores, passando por uma estrutura organizacional diferente e nova. Com esta melhoria, queremos aumentar a base de jogadores, protocolar com as escolas e agrupamentos do concelho para que os jovens possam experimentar esta prática desportiva. Para isso, no próximo ano desportivo a iniciar em 1 de setembro próximo, teremos disponível um dos autocarros do clube para que os jovens possam ser transportados das escolas limítrofes à vila da Moita até ao campo de jogos. Todas as terças e quintas-feiras são dias de treino para os mais novos. Temos ainda a possibilidade de chegar a outras localidades, como o caso da Fonte da Prata onde também no próximo ano começaremos a dar treinos aos jovens daquela localidade. Na próxima época em termos de séniores chegarão mais dois ou três reforços que irão acrescentar qualidade ao nosso plantel, que neste momento conta já com alguns nomes de referência do Rugby português, como são os casos de Pedro Silva e Valter Ferreira, internacionais portugueses. Mas o objetivo a longo prazo passa por trazer o Rugby para o Centro da Vila da Moita. É um projeto ainda numa fase inicial mas que numa fase posterior será dado a conhecer à comunidade em geral. Somos um clube novo, numa modalidade com pouca tradição no concelho mas que a pouco e pouco vamos cimentando a nossa posição no desporto. Essa é a nossa missão, abrir o clube à comunidade é fundamental para o crescimento e sustentabilidade. Foi o que não aconteceu no nosso concelho e que levou à quase inexistência de uma cultura desportiva de referência. Os inícios dos treinos estão marcados para o escalão sénior no próximo dia 25 de Agosto e para os escalões mais jovens a 1 de setembro. Convido todos a virem praticar esta modalidade no campo do Gaio todas as terças e quintas-feiras.

JOÃO FERNANDES








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